USADA bane Armstrong e quer retirar seus títulos

A USADA (Agência Anti-Doping dos EUA) anunciou que Lance Armstrong está banido do ciclismo para sempre e que perderá todos os títulos conquistados desde 1998. A decisão foi tomada depois que Armstrong desistiu de se defender das acusações ontem, 23 de agosto, último dia para que contestasse as alegações da USADA (veja post anterior). Se a UCI ou a ASO (Amaury Sports Organization, dona do Tour de France) irão reconhecer a decisão da USADA, porém, é outra história. As duas entidades – USADA e UCI – disputam judicialmente quem tem a jurisdição sobre o caso.
“É uma dia triste para todos os que amam o esporte e para os nossos heróis esportivos. Este é um exemplo doloroso de como a cultura de vencer a todo custo no esporte, se não for reprimida, superará a competição leal, segura e honesta. Para os atletas limpos, esta será uma lembrança reconfortante de que há esperança para as gerações futuras de competição em igualdade de condições sem o uso de substâncias proibidas”, anunciou Travis Tygart, diretor-executivo da Usada, a quem Armstrong chama de caçador de bruxas.O presidente da WADA (Agência Mundial Anti-Doping) lamentou que Armstrong não se defendeu das acusações. “Isso pode ser visto como uma admissão de culpa”, disse em entrevista.
A organizadora do Tour de France, a empresa ASO (Amaury Sports Organization) disse que tomou conhecimento de todo o processo e vai esperar decisões das autoridades competentes, principalmetente da USADA e UCI antes de tomar alguma providência.
Esse assunto já deveria ter sido encerrado há muito tempo, desde quando a USADA alega que Armstrong teria usado doping, em 1998. Desde então, o heptacampeão da mais dura prova do mundo, o Tour de France, passou por centenas (entre 2002 e 2005 foram 500) de exames anti-doping e nada foi detectado – ou anunciado. Armstrong foi espionado por jornalistas ávidos por descobrir doping em suas vitórias. Foi vigiado pela UCI, que exige que os ciclistas informam onde e quando estarão todos os momentos. Fez testes-surpresa. Testes pré-prova. Testes pós prova. E nada, absolutamente nada foi descoberto que o desabonasse.
Floyd Landis e Tyler Hamilton, dois ex-companheiros, o “delataram’ para conseguir penas mais brandas para seus próprios dopings (Landis perdeu o título do Tour de 2007 por dar positivo para doping). E é nisso que a USADA se apoiou para fazer as acusações. A Justiça Federal dos EUA entrou na história e investigou por dois anos o assunto. No início desse ano encerrou o processo por falta de provas.
Ou seja: a USADA extrapolou. Se querem pegar Armstrong, que seja com provas concretas. Testemunhas têm interesses. Testemunhas podem, por isso, afirmar realidade a algo que é irreal. Alguém, por acaso, imagina Armstrong oferecendo EPO a seus companheiros ou fazendo transfusões de sangue nos caminho~es de apoio da equipe? Além disso, como ficam todas as centenas de exames feitos por inúmeros laboratórios? Todos falsos? Teria sido tudo um grande complô?
Não se trata aqui, em hipótese alguma, defender Armstrong. Quem é ciclista sabe o que é e o que não é possível se fazer totalmente limpo. O problema não é esse: a questão é a acusação testemunhal, sem uma prova concreta da fraude. Isso fragiliza muito a instituição e deixa os ciclistas num corredor da morte, à espera de uma denúncia.
De qualquer maneira, entendo que a decisão de Armstrong de abrir mão de se defender foi a decisão mais correta a ser tomada. Sem defesa às acusações, fica o ônus da prova totalmente para a USADA. Para o bem e para o mal, o desgaste será enorme para a instituição. E o ciclismo e esportes de alto rendimento não serão mais os mesmos. Novas regras vão ser colocadas, com maior clareza e confiabilidade.

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